Exposição 7 | "erogamias em fundo branco"


FRANCISCO FERRO
"erogamias em fundo branco" 
Galeria Espaço Artever
de 6 a 31 de outubro de 2012

EROGAMIAS EM FUNDO BRANCO

Feminilidade, erotismo, solidão e passividade - Num número considerável dos objetos-arte presentes nesta exposição casam-se estreitamente e de forma obsessiva? a solidão dos personagens com a representação de um erotismo por vezes mais insinuado do que mostrado. Apenas alguns dos objetos-arte expostos mostram mais do que um mas não mais do que dois personagens representando numa nudez que emerge quase sempre diáfana e filtrada do fundo colorido quase frio em que se recorta. Em todos os objetos-arte parece manifestar-se uma certa impassividade quase fria e uma estática objetiva que, por certo, seria rejeitada por femininistas fogosas? Esta é para nós uma exposição da representação feminina do erotismo como coisa passiva, insinuando a totalidade dos quadros uma estética do erotismo estático no feminino? É isso que subtilmente se procura mostrar quer através da passividade das figuras quer no colorido eleito para concretizar essa visão tradicional de um erotismo no feminino vigiado pela moral e aconselhado pelos bons costumes? Estes textos pictóricos serão assim mas por caminhos ínvios e irónicos uma crítica, também ela velada e oculta, da moral comum respeitante às coisas do sexo? Esta perspetiva pode ainda ser reforçada quando se insinua em certos objetos-arte presentes a legalidade melhor: o direito à representação da multiplicidade de realização dos afetos e se enfatiza o direito estético de os representar na tela?


O corpo fraturado - Em nenhum dos quadros o corpo feminino é apresentado na sua integridade o que se mostra são apenas pedaços de corpos, corpos fracionados, fragmentos diluídos numa paisagem objetivamente ausente mas ao mesmo tempo tornada objeto cor, paisagem-mancha. Acaso também aqui o artista nos convida para a memória dos caminhos históricos do complexo percurso da afirmação da mulher na longa e interminável guerra dos sexos, na qual foi sempre mais vítima do que carrasco? É este conjunto de representações uma denúncia e ao mesmo tempo um manifesto da condição feminino embora imediatamente não o pareça? Compete ao espetador continuar estas possibilidades interpretativas, estes tópicos que se juntam neste comentário, para que os quadros presentes ganhem a vida que lhes dá o leitor ao empreender a necessária hermenêutica que vivifica os objetos-arte e os torna, por essa leitura, fruição e discurso próprio, coisas artísticas no quadro de uma ideia de interpretação que concebe o espetador-leitor (entendido este num sentido muito amplo do conceito de leitura) como um criador face à dimensão provocadora do objeto-arte.
O corpo recorta-se e emerge nos textos pictóricos em exposição de um fundo colorido em que predominam os azuis, os verdes, os ocres, os negros. Nesta quase-paisagem, somente cromática, fundamentalmente mancha, emergindo do fundo branco, o artista constrói uma representação da erótica feminina, através do e um jogo de apresentação-ocultação do corpo da mulher, quer na dialética da sua singularidade e da sua pluralidade de concretizações quer no âmbito do permitido e do proibido tudo isto através de um distanciamento estético que remete para o subconsciente e apela para a memória cultural, experiencial e ética do espetador-leitor. Central em quase todos os quadros é ainda o rosto feminino único objeto da representação a merecer um tratamento realista e um trabalho pormenorizado de representação. Ele é o fragmento omnipresente em todos os objetos-arte expostos nos quais o corpo nunca nos é desvelado em toda a sua integridade. (E nele se destacam os olhos por onde começa toda a arte da representação.)
Mais profundamente, e concluindo ainda no registo interrogativo, poderíamos olhar esta exposição como um texto crítico, uma espécie de texto-panfleto em louvor do corpo feminino e do seu direito a uma sexualidade plena e liberta de tabus quer o da assunção da “legalidade” da solidão amorosa e narcisística quer o da afirmação da positividade doutras formas de realização amorosa que as socialmente aceites e impostas pela moralíte comum? A resposta é sempre do espetador-leitor. É pois sua.
Lisboa, setembro de 2012 | António M. Ferro

Exposição 6 | Duetos Em Toalhas De Mesa


SUSANA MOURÃO
HENRIQUE BRUNO SOARES
"duetos em toalhas de mesa"
Galeria Espaço Artever
de 2 de setembro a 13 de outubro de 2012

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Exposição 5 | O Sentido da Mancha


MARTINHA SOARES
"o sentido da mancha"
Galeria Espaço Artever
de 14 de julho a 10 de agosto de 2012

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Exposição 4 | biometrias


EDUARDO ABRANTES
"biometrias 2"
Galeria Espaço Artever
de 16 de junho a 12 de julho de 2012

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